Literatura e Espiritualidade

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Escrever sobre literatura é um desafio. Escrever sobre espiritualidade é igualmente um desafio. Juntar essas duas realidades é uma tarefa que requer destreza e humildade. Vamos lá!

A literatura pode ser vista e entendida de muitas formas. Poderíamos considerar aqui, a título de exemplo, a literatura médica. Neste caso, os textos literários voltam-se para uma área específica: a medicina; essa literatura registra eventos, experiências e procedimentos; noutras palavras, ela tem função pedagógica. Quantos tipos de literaturas há? A quem se destinam? Do mesmo modo, quando nos voltamos à espiritualidade, constamos que estamos diante de um tema vasto e extremamente segmentado. Podemos falar de uma espiritualidade cristã e também de uma espiritualidade budista. Em palavras simples, quando tratamos sobre espiritualidade, tocamos no modo de vida adotado por alguém ou grupo de pessoas em relação ao sagrado ou dimensão considerada superior. Assim como toda e qualquer literatura reflete o tempo e o local em quem foi produzida; a espiritualidade presente em cada tempo visa, em primeiro lugar, levar conforto e esperança ao seu humano daquele tempo.

Livros que tratam sobre espiritualidade há muitos (e para todos os gostos); de modo concreto, isso nos diz que não existe apenas uma espiritualidade, mas muitas. O ser humano não vive sem ancoragem no sagrado ou sem fé numa dimensão superior. Há lacunas no homem e na mulher que devem ser preenchidas e a espiritualidade pode ser resposta. Quando falamos sobre literatura espiritual, para os cristãos o livro por excelência é a Bíblia e, nela, os Evangelhos ganham destaque. Para os budistas, o livro sagrada é a Tripitaka; enquanto para o islamismo, o Alcorão. Essas narrativas trazem ensinamentos que norteiam a vida de seus seguidores e apresentam uma ética ou modo de condução da própria vida. É bom lembrar que embora sejam livros sagrados, tais textos precisam ser compreendidos e interpretados com a devida competência para que de fato produzam os frutos desejados.

Por outro lado, há narrativas que mesmo não sendo consideradas sagradas têm a capacidade de inspirar e provocar profunda reflexão. Um desses textos é O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Esse texto que é considerado um clássico da literatura universal trata sobre escolhas, ganhos e perdas; amizade, renúncia e sacrifício. De maneira simples, O Pequeno Príncipe toca em questões fundamentais da existência humana e a sua leitura, em geral, repercute na vida de quem o lê. A frase clássica dessa obra, diríamos, é: O essencial é invisível aos olhos.

Portanto, o livro ou a leitura pode ser, sim, meio eficaz para tornar o ser humano mais sensível e integrado; noutras palavras, isso pode significar espiritualizado.

Por Frei Alexandre Carvalho, ssp
Religioso Paulino e mestre em literatura

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