Por Ednoel Amorim
São Paulo é uma cidade realmente magnífica. As possibilidades que se encontram aqui são inumeráveis. Arte, economia, qualidade de vida, saúde, educação… Como se costuma dizer: Tudo do bom e do melhor!
Infelizmente, toda essa bondade e maravilha não alcançam a todos. Já tive oportunidade de sair várias vezes de casa e caminhar até a Faculdade Paulus de Comunicação, a FAPCOM. É um trajeto relativamente curto para fazer a pé, e comparado ao tamanho da cidade não representa muito. O interessante do percurso de pouco mais de 3 km são os constantes exemplos da desigualdade social que podemos verificar.
Em uma calçada se podem ver duas pessoas fumando uma pedra de crack, logo depois de atravessar uma avenida lotada de carros, uns luxuosos e outros nem tanto. Caminha-se mais um pouco, vemos homens e mulheres na correria para chegar ao trabalho, para ganhar o pão de cada dia, outros apenas para tentar uma vaga de emprego e outros para conseguir falar com um médico e tantas outras realidades. No trajeto temos a oportunidade de passar dentro de uma pequena comunidade de classe C, e poucos passos depois estar num dos metros quadrados mais caros de São Paulo, a Vila Mariana.
Além disso, uma situação que me chamou atenção, foi a barraca de acampamento, de uma senhora, armada numa calçada da rua Coronel Lisboa, quase chegando à Rua: Pedro Morganti. Passava por ali e, ao longe, já percebi que a senhora me olhava, com aquele olhar lânguido, quando me aproximo percebo que tem uma grande quantidade de fezes depositadas em um pequeno balde, o qual claramente é usado como “vaso sanitário” que de sanitário não tem nada. Quando chego bem perto ela me diz: Moço, desculpe a bagunça!
Esse pedido de desculpa foi como uma facada no coração, pois nós como sociedade e como seres humanos era quem deveríamos pedir desculpas a ela, por não termos encontrado em pleno século XXI uma solução satisfatória para a situação da população de rua. Pedir desculpas por nos comovermos por alguns segundos, mas sempre seguirmos em frente na urgência de realizarmos nossas tarefas. Um pedido de desculpas que demora a ser proferido e ela pacientemente espera por um socorro que talvez nunca chegue.
Continuei meu itinerário. Mal recuperava-me da facada sofrida a alguns metros atrás, chegando ao cruzamento da Major Maragliano, com a Humberto I e a Dr. Álvaro Alvim, à minha direita senti um odor fétido. Poderia ser um esgoto, aqui em São Paulo não seria de estranhar, porém vinha de um ser humano, perceptivelmente embriagado, jogado em um amontoado de lenções sujos, um colchão deteriorado e um tanto de embalagens que talvez sejam para tentar trocar por dinheiro em algum ponto de reciclagem.
Como havia dito antes, o meu percurso não completa 4 km. São Paulo tem muito mais ruas que eu seria capaz de descrever e as situações que podemos citar não caberiam neste artigo e com certeza não cabem no coração do leitor e nem daquele que escreve, pois com mais certeza ainda, posso dizer que nos acostumamos a passar e virar o rosto. Até quanto?