O presente trabalho apresenta a refutação de Santo Agostinho ao Maniqueísmo, doutrina que se pautava na existência de dois reinos diferentes: o da Luz e o das Trevas, os quais viviam totalmente separados, até que houve uma invasão das Trevas no Reino da Luz, gerando uma série de eventos necessários para a salvação desse Reino. A partir desses eventos soteriológicos ocorre a criação do cosmos. Para os maniqueus o mundo não foi criado bom, e sim, foi um mal necessário para que as partículas de Luz pudessem ser libertas, pois ficaram presas à Matéria. No Maniqueísmo, somente a Alma é boa, e o corpo é intrinsecamente mal. Nessa doutrina não há mal moral, mas tão-somente o mal natural, pois quando os maniqueus praticavam o mal não era a Alma luminosa, aquela consubstancial ao Reino da Luz que pecava, e sim o corpo, formado pela Matéria, consubstancial ao Reino das Trevas. Após ter sido maniqueu por mais de nove anos Agostinho encontra aquilo que tanto o inquietava: na interpretação da Sagrada Escritura. A partir da revelação, Agostinho se encontra com a verdade, compreendendo que o mal não é uma substância, e sim uma privação do bem. Para o Santo, Deus não cria nada mau, não obstante o que pode ser má é a vontade do homem. Deus dá ao homem a liberdade para escolher bem ou mal, isso dependerá dele. Na doutrina maniqueia, a vontade e a liberdade não tinham peso, pois o iluminado maniqueu considerava apenas a Alma luminosa, sendo o corpo uma prisão que não fazia parte de si mesmo. Dessa forma, constata-se que a refutação de Agostinho a essa doutrina é de suma importância para o pensamento contemporâneo, pois a partir de seus argumentos filosóficos, o Santo mostra que a responsabilidade das ações deve ser imputada ao homem, praticante de seus atos. Agostinho em sua filosofia faz uma ontologia da liberdade, ou seja, é o homem que escolhe se quer agir de forma boa ou má e como utilizará as coisas que estão à sua volta.
Palavras-chave: Agostinho; Maniqueísmo; Reinos; Mal; Liberdade.