Por Ednoel Ribeiro de Amorim.
A situação na qual o mundo encontra-se é uma situação limite. Estamos à beira de um colapso dos recursos naturais. O ser humano passa por uma crise sem precedentes, seja no campo físico, psíquico ou emocional. É perceptível a urgência por um posicionamento que conceda ao ser humano e à sua casa comum um novo horizonte mais promissor, a fim de que cresça a esperança de dias melhores.
Como é natural, sempre que se necessita de algo, é preciso saber onde procurar, para economizar tempo, gastos e trabalho. Imagine alguém que precisa de laranjas e fica a procurá–las numa mangueira! Sem falar no absurdo que seria tal cena, algo do tipo é tranquilamente evitado quando existe planejamento e pesquisa, quando se tem objetivo, ou seja, um propósito claro.
O que estamos assistindo na atualidade são pessoas tentando resolver os problemas do mundo e os seus próprios a partir daquilo que está fora, no exterior de si mesmas. No entanto, como diz John Dewey1 “No estágio atual do mundo, o controle que temos das energias físicas, do calor, da luz, da eletricidade etc., sem o controle do uso de nós mesmos, é algo muito arriscado […]”. De fato, enquanto não se buscar a mudança do mundo a partir da mudança de cada indivíduo, se permanecerá apenas na atitude inquisitória. Reclama-se dos frutos da árvore, mas não se demonstra o mínimo interesse em cuidar da planta.
Não é possível transformar o mundo e continuar do mesmo modo. Como diz o Papa Francisco: “Cuidar do mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos. Mas precisamos de nos constituirmos como um ‘nós’ que habita a casa comum. Um tal cuidado não interessa aos poderes econômicos que necessitam dum ganho rápido […]” (Fratelli Tutti, 17). Como se vê, esse cuidado é uma via de mão dupla. Cuida-se do ser humano, para que ele cuide do mundo e uma vez cuidando do mundo preservamos a vida.
Que São Paulo Apóstolo ajude os homens e mulheres de bem a construir cada dia mais um mundo que se fundamente no amor, no cuidado e na fraternidade, começando no interior de cada pessoa. Só assim se poderá falar de uma real perspectiva de futuro.
1 DEWEY, John. Epigrafe. In: TEIXEIRA, João de Fernandes. O cérebro e o Robô: inteligência artificial, biotecnologia e a nova ética. São Paulo: Paulus, 2015. (Ethos)