Janderson Ribeiro do Carmo
O sonho de Francisco de Assis perpetua-se, sobretudo, no coração do Papa Francisco quando diz: “Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja escutada e que sua dignidade seja promovida.” (Querida Amazônia, n. 7).
Há tempos escutamos que a Amazônia é o “pulmão do mundo” e que esse pulmão a cada dia vem sofrendo com as consequências da ganância humana, a qual tem afetado famílias, nações, culturas, raças etc. É sabido que a Igreja tem sido um grande púlpito de encorajamento na defesa desse bioma brasileiro que tem sido vítima diariamente da devastação ambiental causada pelas mãos humanas – homens sedentos de poder, de comércio e escravidão. Não podemos mais tolerar que tal situação continue a devastar a Mãe Terra, não devemos ser a favor de tanta desgraça que segrega a humanidade inteira, a qual tem sido explorada pelos poderosos que se instalaram no coração do mundo com um único objetivo: tirar proveito às custas dos menos favorecidos. Está passando da hora de sermos vozes proféticas em prol da criação que geme como em dores de parto (cf. Rm 8,22). Afinal, de que lado estamos?
Assim como Francisco, nós devemos sonhar “com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.” (Querida Amazônia, n. 7). Qual a nossa missão enquanto seres humanos diante da criação? Todos nós somos chamados a cuidar da nossa “Casa Comum”, afinal somos inteiramente dependentes de seus frutos: o ar que respiramos, a água que bebemos, os frutos que colhemos. A riqueza que Amazônia produz é nossa e essa riqueza, por sua vez, deve ser cultivada com respeito e responsabilidade.
Não permitamos que o verde, sinal de esperança, se transforme em cinzas. Que a Amazônia, rincão da aliança seja livre dos males que gera a cobiça! (cf. Hino da CF, 2007). Não deixemos que sonhos sejam destruídos! Sejamos também profetas da libertação, como reza o poema boliviano “[…] os madeireiros têm parlamentares e nossa Amazônia não tem quem a defenda […].”. (Querida Amazônia, n. 9).
O Sínodo para a Amazônia não foi e não será, certamente, o último grito da Igreja em defesa do meio em que vivemos, contudo, o nosso trabalho em defesa da Mãe Terra continua. Isso é dever de todos nós que sonhamos com uma Amazônia preservada em suas riquezas culturais e naturais.