Espiritualidade no cotidiano

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Pe. Roni Hernandes, ssp

Numa sociedade paradoxalmente ferida pelo ritmo acelerado do mundo contemporâneo, faz-se necessário resgatar um olhar solidário para contemplar, quantas vezes forem necessárias, a dimensão da espiritualidade presente no cotidiano. Esse fator emerge da necessidade de descobrir nos acontecimentos do dia-a-dia, a manifestação de um Deus que é amigo, parceiro e solidário conosco.   

O ponto mais importante para definir a caminhada cristã é a experiência de Deus nas coisas simples da vida. Para os primeiros cristãos a vivência da espiritualidade não era separada da vida concreta e cotidiana, mas era uma experiência que perpassava todos os acontecimentos da vida. O amor a Deus e ao próximo compõe-se de realidades cotidianas. Precisamos, no entanto, retornar às fontes, para resgatar a dimensão da espiritualidade que perpassa todos os acontecimentos e relações. 

A dinâmica da vida no mundo contemporâneo imprime um ritmo frenético no cotidiano dos jovens. Esse ritmo exige deles respostas mais rápidas a um número cada vez mais crescente de ocupações. Desta lógica, desponta e se afirma uma perspectiva racionalista e pragmática que define o ser humano mergulhado e perdido em sua própria existência. Esse caminho impossibilita o jovem de olhar as coisas para além da realidade em que vive. Neste caso, o espaço do cotidiano acaba sendo desprovido de discernimento, de significado simbólico e de conectividade com Deus. 

O simbólico é parte importante do caminho, pois ele configura-se como possibilidade de desvelamento de algo que ainda está escondido. Por meio do símbolo, Deus, Mistério escondido, torna-se manifesto, revelando-se ao ser humano. Neste ponto, a espiritualidade emerge de uma abertura fundamental para a linguagem simbólica do Sagrado. Desta maneira, a chave de compreensão do contemporâneo relaciona-se, de forma direta, com nossa capacidade de olhar, comtemplar, o Deus que se revela na história. Assim se define o tempo em que vivemos. 

Para aqueles que acreditam que a vida é um tempo puramente cronológico, isto é, que ela deve simplesmente continuar, sem nada ser alterada, a realidade simbólica não fará nenhuma diferença. Mas, para aqueles que não se deixam abater pela lógica do tempo, mas que, como cristãos, valorizam a dimensão simbólica, esses enxergam Deus nas coisas simples do cotidiano da vida. 

Cultivar a espiritualidade consiste, no entanto, em não perder a sensibilidade de olhar o mundo e o cotidiano de modo a perceber a presença e a manifestação de Deus. 

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