Democracia acima de tudo

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Uma entrevista com Mauricio Simonetti

Mauricio Simonetti é aluno da FAPCOM, tem 61 anos de idade. Fotógrafo profissional há 40 anos, reside na Vila Mariana, em São Paulo. É casado e possui uma filha de 21 anos.

Pastoral: Qual curso você estuda na Fapcom? Como está o curso?

Mauricio: Estou no penúltimo semestre de Produção Multimídia e o curso tem se mostrado muito interessante em vários aspectos. Em outros nem tanto, mas o balanço geral é francamente positivo.

Pastoral: Nesse período de pandemia, o que mudou na rotina do curso? Como a faculdade tem lidado com isso?

Mauricio: A rotina do curso mudou muito ao se tornar remota. Não há mais o deslocamento ao prédio da escola, as atividades que dependem de recursos tecnológicos foram prejudicadas e, num primeiro momento, os professores nos impuseram um ritmo de tarefas muito intenso, o que contribuiu para incrementar o nível de stress.

De um modo geral observa-se, por parte da faculdade, um empenho muito grande no sentido de assegurar o prosseguimento do conteúdo e das atividades curriculares. Da mesma forma, a maioria dos professores se mostra compreensível e adaptável diante dessa nova condição de aula. Avalio que a transição de ensino presencial para remota se deu de forma satisfatória.

Pastoral: O que mais você sente falta, em não poder estar na Fapcom, fisicamente?

Mauricio: Sinto falta do contato físico e visual com colegas e professores. Os encontros virtuais são frios, parecem artificiais, mecânicos. Efetivamente não são como os encontros presenciais. Sinto também muita falta do acesso à biblioteca (que poderia disponibilizar o conteúdo online. Se não todo, pelo menos em parte, como muitas instituições o fazem) e dos eventos promovidos pela faculdade. As atividades em grupo, quando presenciais, ocorriam mais facilmente do que as virtuais.

Pastoral: Como você tem passado esse período de pandemia? Como está sua família? Qual sua maior dificuldade?

Mauricio: Já vamos caminhando para o terceiro mês de confinamento e cada período teve sua característica. Num primeiro mês houve muita aflição e medo causados pelo temor de contrair a doença, por nós ou nossos entes queridos. Depois veio a fase de conformismo e adaptação à nova realidade. Agora, cada dia passado é uma vitória a ser celebrada. Somos adeptos convictos do confinamento e só saímos de casa – minha esposa e eu – para ir ao supermercado uma vez a cada dez dias. Nossa filha nem isso. Na volta pra casa, seguimos todo o procedimento de desinfecção de produtos, roupas e do próprio corpo. Todos temos nossas atividades, todos os dias, e cada um tem seu computador. Cleo, nossa filha, tem aulas online no seu quarto, eu tenho aulas e desenvolvo minha iniciação científica em outro quarto e minha esposa, que é aposentada, se instala na sala ou no quintal, onde faz seus bordados e me auxilia nas pesquisas que preciso fazer. Além disso, Lena é super desenvolta na cozinha, ativa e generosa, deixando-nos muito à vontade para que possamos nos dedicar aos estudos. Temos os três uma relação harmoniosa, nos abraçamos todos os dias, fazemos juntos nossas refeições. Também dedicamos um tempo do dia para fazer exercícios físicos.

Minha renda caiu bastante, mas não zerou, graças ao meu trabalho de autor, que é comercializado através de bancos de imagens e minha esposa recebe uma aposentadoria que garante um funcionamento doméstico básico. Temos consumido, como sempre fizemos, apenas o essencial. A maior dificuldade tem sido, sem dúvida, lidar com as notícias que vêm de fora, especialmente as que se referem ao número crescente de óbitos e às atitudes do governo federal na maneira como vem conduzindo a gestão da pandemia. É aflitivo e preocupante observar que uma questão sanitária da maior gravidade venha sendo conduzida por um viés político, eleitoreiro e negacionista, colocando toda a população numa situação de vulnerabilidade e levando o país a uma condição de epicentro mundial do coronavirus. Isso me causa tanto temor quanto o vírus em si.

Pastoral: Maurício em uma palavra

Mauricio: Resiliente.

Pastoral: Uma palavra aos seus colegas.

Mauricio: Devemos nos empenhar em construir uma nova maneira de nos relacionarmos baseados na cooperação e solidariedade, com a DEMOCRACIA ACIMA DE TUDO.

Pastoral: Obrigado Mauricio por essa partilha. Espero revê-lo em breve e compartilharmos aquele café quentinho na cantina. Um grande abraço a você e a todos que formam a família Fapcom.

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