Uma entrevista com Wesley Moreira Pinheiro

Pastoral: Como o senhor está sentindo a faculdade nesse tempo de quarentena?

Wesley: É uma experiência diferente, acredito que para todos nós. É uma necessidade nos imposta por uma questão de saúde pública, porém, me parece que reforça ainda mais os laços que temos com a faculdade, com o ambiente acadêmico. A falta da convivência presencial, a falta da estrutura. De alguma forma isso tem me ensinado o quão é importante o convívio presencial. Somos seres presenciais. 

Pastoral: Aumentou o espírito colaborativo entre o corpo docente? A pandemia tem um lado positivo?

Wesley: Acredito que houve mudanças significativas em cada um dos professores, seja do ponto da adaptação às tecnologias digitais e aulas remotas ou seja pela forma de repensar conteúdos, avaliações e afins. Pontos positivos: conseguimos nos adaptar e isso é fundamental, pois, no mundo profissional, sempre seremos testados sobre nossa capacidade adaptativa. Muitas vezes sonhamos com um mundo profissional ideal, que não existe, aquele que é como na faculdade, tudo com prazos bem definidos, com diálogos bem estabelecidos. O mundo real é bem diferente, e essa pandemia tem testado todos nós, professores e alunos. 

Pastoral: Quais dificuldades os alunos mais sentem com as aulas remotas?

Wesley: As mudanças foram feitas muito rápido e exigiu de todos uma capacidade grande de adaptação e compreensão. Evidentemente que nesses momentos há indícios de insegurança e insatisfação, porque, nosso formato é o presencial. Porém, o que tenho percebido nas minhas turmas uma capacidade de adaptação e compreensão muito boas. Precisamos entender que momentos de crise nos exige mais compreensão e ação do que lamentação. Nenhum de nós optamos por isso, mas estamos todos juntos nesse ambiente. Fico muito feliz em ver os alunos que mais colaboram e agem nesse processo. As vezes é fácil reclamar e clamar por mais direitos, mas o que de fato estamos fazendo para contribuir? A maioria dos meus alunos estão significativamente colaborando muito. 

Pastoral: De um modo geral como tem sido esses dias, desde o confinamento?

Wesley: Francamente, difíceis. Ficar em casa o tempo todo, quebrar a dinâmica de poder sair, ir trabalhar, poder ver amigos, familiares, têm tornado o confinamento cada vez mais pesados. É algo importante, para o bem de todos, mas é difícil. Como tem um meme da personagem Nazaré Tedesco circulando pela internet: “eu preciso sair, eu preciso ver gente.  eu preciso bater perna” (https://www.youtube.com/watch?v=B0s_rITwuTI)

Pastoral: Como o senhor vislumbra os meses seguintes?

Wesley: Serão meses que vão exigir muito de nós, da nossa capacidade de entender que muita coisa mudou e que precisamos mudar mais ainda. Embora, me preocupa que uma parcela muito grande da sociedade ignora o fato das mudanças e da necessidade que teremos ainda de manter a vigilância e comportamentos mais restritos.

Pastoral: O que o senhor considera como sendo mais importante para cada um de nós levar em consideração e colocar em prática daqui para frente?

Wesley: O mais importante, nossa capacidade de superação e adaptação. Não é o que gostaríamos, mas é o que nos foi posto enquanto desafio. Somos capazes de superá-lo? Acho que é esse o pensamento que devemos ter. Não podemos apenas sentar e esperar que tudo melhore sem fazer a nossa parte. 

Pastoral: Uma mensagem aos seus colegas…

Wesley: Busquem aprender com tudo isso, a refletir sobre tudo isso e com isso olhar para si e analisar o quanto isso pode nos mudar.

Pastoral: Algo para dizer aos alunos, de modo particular?

Wesley: Utilizem toda essa dificuldade que enfrentamos para tornar-nos mais fortes e mais maduros. De fato, só crescemos, depois que somos testados, e estamos em um teste histórico. Fé, esperança, foco, sonhos e objetivos são fundamentais nesse momento.

Pastoral: Uma palavra final

Wesley: Venceremos tudo isso!

Pastoral: Professor Wesley, encerramos aqui. Agradeço sua disponibilidade. Obrigado também por dedicar esse tempo para conversar conosco. Suas palavras são lúcidas e entusiasmantes. Até breve…